Nintendo pode estar cavando o próximo crash da indústria dos games

Editorial

Com jogos a US$ 80 e práticas abusivas, empresa reacende temores de uma nova crise como a de 1983

A Nintendo está no centro de uma polêmica crescente que preocupa gamers e analistas do mercado: suas decisões recentes podem estar empurrando a indústria dos videogames para uma nova crise. Com o aumento no preço dos jogos, políticas cada vez mais agressivas e uma aparente negligência com mercados emergentes, a gigante japonesa pode estar repetindo erros históricos — e acendendo um alerta vermelho para o futuro dos games.

Uma história que pode se repetir?

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Para entender o tamanho do problema, é impossível não lembrar da crise de 1983, conhecida como o Crash dos Videogames. Na época, o mercado colapsou por excesso de jogos ruins, saturação de consoles e ganância das empresas. O resultado? Uma queda de 97% na receita do setor em apenas dois anos. E o cenário atual, pasme, começa a apresentar sintomas parecidos: muitos lançamentos, poucos acertos e preços cada vez mais abusivos.

Desde o início da atual geração, em 2020, o mercado se inflacionou. A promessa de jogos mais caros veio acompanhada de títulos inacabados, DLCs quebrados em partes e experiências que parecem mais pensadas para extrair dinheiro do jogador do que entregar diversão. No olho do furacão, está a Nintendo — que tem tomado decisões que incomodam até seus fãs mais fiéis.

As ações da Nintendo e suas consequências no mercado

A Nintendo sempre foi uma empresa tradicionalista, mas nos últimos anos ela parece ter se fechado em uma bolha onde tudo é justificável… menos respeitar o consumidor.

Jogos a US$ 80: o novo padrão?

Em 2020, os jogos AAA passaram de US$ 60 para US$ 70. Agora, em 2025, a Nintendo decidiu que já está na hora de cobrar US$ 80 por seus títulos de grande orçamento. Isso mesmo: em um mundo onde a maioria dos salários não acompanha a inflação, os jogos da empresa ficaram ainda mais caros.

Esse novo patamar, que começou com lançamentos como The Legend of Zelda: Echoes of Hyrule, estabelece um precedente perigoso. Afinal, se a Nintendo cobra 80 dólares, o que impede outras empresas de fazer o mesmo?

Cobranças por recursos básicos

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Além do preço salgado dos jogos, a empresa também adota práticas difíceis de engolir. Quer usar chat de voz? Tem que pagar. Quer experimentar o console com uma demo? Também paga. Parece piada, mas é a realidade de quem entra no ecossistema da Nintendo hoje.

Enquanto concorrentes oferecem serviços completos com qualidade e sem custo adicional, a Big N parece interessada em monetizar cada clique do jogador — mesmo os mais básicos.

O desprezo pelo mercado brasileiro

Não é segredo que a Nintendo nunca tratou o Brasil com carinho. Mas a situação piorou com o anúncio do Switch 2. Jogos que custam US$ 70 no exterior chegam aqui por R$ 435 — o que equivale a cerca de US$ 78 na conversão direta. E não estamos falando de jogos genéricos, e sim de títulos first-party, exclusivos da empresa.

O detalhe mais revoltante? Outros jogos, como Cyberpunk 2077: Phantom Liberty, chegam por R$ 340 — valor inferior ao da conversão dos mesmos US$ 70. A diferença de preços escancara que os brasileiros estão sendo penalizados apenas por estarem em um mercado “menos prioritário”.

O efeito dominó: quando uma empresa influencia toda a indústria

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Se você está pensando “mas eu nem jogo Nintendo”, é bom se preocupar mesmo assim. A Sony, por exemplo, aumentou os preços da PS Plus pouco tempo depois do anúncio dos novos valores da Nintendo. E essa é a verdadeira ameaça: o efeito cascata.

Quando uma gigante do setor normaliza práticas abusivas, as outras seguem o exemplo. E quando o jogador começa a consumir menos por não conseguir bancar os custos, os jogos passam a flopar. Estúdios fecham, projetos são engavetados, e a roda para de girar. É exatamente assim que começa uma crise.

E no final, quem mais perde é quem só queria jogar em paz.

Conclusão: A Nintendo está liderando a marcha rumo ao abismo?

A indústria dos games está em um ponto crítico. As decisões da Nintendo mostram que o lucro está se sobrepondo ao respeito pelo consumidor. A pergunta que fica é: até onde vai esse desrespeito antes de tudo ruir de novo?

Se continuarmos aceitando calados, a próxima grande crise não será um choque inesperado — será apenas o resultado óbvio de uma série de escolhas ruins.

Jornalista | Redator | CEO at Na La7a |  + posts

Meu nome é André Gomes, sou jornalista e apaixonado por jogos. Estou no mundo dos videogames desde que me entendo por gente e amo falar sobre.

Adoro falar e escrever sobre games, já tive outros sites e canais falando sobre e tudo isso me trouxe até aqui.

Minhas franquias favoritas são Final Fantasy 7 e God of War, mas amo outros vários títulos que chega a ser impossível escrever todos aqui.