Análise / Review: Clair Obscur: Expedition 33 (sem spoilers)

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Antes de começar a resenha, preciso que você relaxe: tire os sapatos ou os chinelos, ignore o WhatsApp e as redes sociais pelos minutos em que estiver aqui. Agora inspire e respire… inspire e respire mais uma vez, controlando o ritmo da sua respiração enquanto se concentra neste texto.

No início, quero que você resgate alguma lembrança muito boa: talvez uma ida a um circo quando era criança, uma peça de teatro que o marcou, um dia romântico com alguém que já amou — ou ainda ama. Particularmente, consigo me lembrar de tardes mágicas jogando Bomberman na casa do meu vizinho, numa época em que o tempo era infinito, e de dias apaixonados em que acordava e dormia pensando em alguém. Não quero comparar estar apaixonado ou fascinado com uma peça de teatro a jogar videogame. Meu intuito aqui é lembrar o que sentimos nesses momentos ímpares de nossas vidas: quando vivemos uma experiência mágica, temos plena consciência de que ela é especial desde o início — e também de que precisamos aproveitá-la ao máximo, porque ela há de acabar.

Foi assim que me senti ao ligar meu PlayStation e escutar, pela primeira vez, Lumière. Apaixonado por música clássica como sou, percebi logo de cara que, pelo menos, a trilha sonora daquele jogo valeria a pena. E quando comecei a jogar… aí que me perdi. O idioma original (francês), todas as paisagens e expressões minuciosamente detalhadas — como se uma compilação de quadros de Monet ganhasse vida e fosse animada em 3D. Só isso já seria o bastante. Eu ficaria feliz apenas com as paisagens, as expressões e a melancolia que o misto de tudo isso com as músicas autorais me causava. Mas a magia foi além do limite que eu havia estabelecido na minha imaginação: a história conseguiu me surpreender e não foi um surpreender como Split Fiction (também candidato ao GOTY) que tem uma boa história, foi um surpreender de me deixar eufórico, frenético e até mesmo embriagado com a narrativa cheia de plot twist.

Em 2025, depois de Red Dead Redemption, Final Fantasy VII e The Last of Us, uma história conseguiu me prender e me cativar novamente. Depois disso foram dias e dias… Eu não via ninguém, não falava com ninguém, apenas cumpria minhas obrigações e viajava por um mundo infestado de Nevrons e Lumina, em busca insaciável pela Artífice. O resultado: uma platina e um amor por um jogo que não sentia há 10, 15, talvez 20 anos — desde a primeira vez que joguei Chrono Trigger.

Clair Obscur é meu único 10/10 desse ano até agora e o meu favorito para o GOTY 2025 e talvez Expedition 33 seja o meu GOTY da vida.

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