Em 2018, a Sony lançou Marvel’s Spider-Man, oferecendo uma versão mais madura e experiente do conhecido herói Peter Parker. Essa abordagem permitiu explorar o personagem de uma maneira menos vista nos meios convencionais, destacando um herói já consolidado em sua cidade, com batalhas travadas e um histórico de desafios. Momentos épicos foram apresentados: a batalha contra o Sexteto Sinistro, antigos romances, e o sacrifício que acompanhou o peso de ser um herói. Comparações com a franquia Batman Arkham logo surgiram, dada a qualidade e a profundidade do jogo, levantando a questão: qual seria o melhor game de herói já feito? Então, em 2023, a tão esperada sequência, Marvel’s Spider-Man 2, foi lançada — e, a partir daí, tudo mudou.
Protagonismo Dividido: Um Problema de Foco
Em Spider-Man 2, um dos principais problemas narrativos reside na escolha de dividir o protagonismo entre Peter Parker e Miles Morales. No primeiro jogo, o arco de Peter foi desenvolvido com uma profundidade notável, e Miles, em seu jogo solo, mostrou-se um protagonista digno. No entanto, ao unir os dois, a Insomniac falhou em dar a ambos o destaque merecido. Miles acaba relegado ao papel de coadjuvante, e Peter tem momentos apressados em sua trajetória. Esse protagonismo compartilhado prejudicou o desenvolvimento dos personagens, criando uma experiência com momentos narrativos superficiais.
O Venom de Harry Osborn: Uma Promessa Rápida Demais
A escolha de Harry Osborn como Venom foi uma decisão interessante, mas a execução acabou deixando a desejar. A narrativa, que começa bem com uma amizade sincera entre Peter e Harry, desanda quando o simbionte entra em cena. Os momentos em que o simbionte influencia Peter são breves e limitados, sem tempo suficiente para criar o peso emocional necessário para o conflito. A transição de Harry para Venom é rápida, e os momentos de Peter com o simbionte são escassos, o que enfraquece o impacto da transformação.
Peter como Venom: Um Potencial Mal Aproveitado
Para os conhecedores do arco do simbionte nas HQs, animações e filmes, é evidente que uma das partes mais intrigantes é a mudança de personalidade que Peter sofre. Infelizmente, no jogo, essa fase foi mal adaptada, com apenas algumas missões destinadas a explorar esse lado sombrio. As transformações do personagem, que deveriam envolver uma desconexão gradual e conflitos internos, acontecem de forma superficial, deixando uma sensação de narrativa incompleta.
A Interpretação de Venom: Motivação Fraca e Pouco Desenvolvimento
Quando o simbionte se separa de Peter, o vilão Venom finalmente se revela. Em vez de um personagem movido por vingança, a versão de Venom aqui busca, superficialmente, “curar o mundo,” uma justificativa que soa vazia. O surgimento do vilão, a fuga do laboratório e a criação de seu exército são desenvolvidos de forma rasa, sem a complexidade que o personagem merecia. Tudo acontece de maneira superficial, resultando em uma narrativa acelerada.
As Missões de MJ: Uma Experiência Pouco Atraente
As missões com MJ, que já eram criticadas no primeiro jogo, tornam-se ainda mais estranhas em Spider-Man 2. MJ enfrenta invasões furtivas em bases militares e campos dominados por simbiontes com apenas um taser, em situações que destoam da realidade. Sua narrativa pessoal, que deveria agregar ao enredo, acaba irritando devido ao excesso de lamentações e falta de conexão com os sacrifícios que Peter, o verdadeiro herói, enfrenta diariamente. Além disso, sua mudança visual, embora irrelevante para a experiência de jogo, gerou desconforto entre os fãs.
Black Cat: Um Retorno Breve e Desnecessário
A breve aparição de Black Cat, apenas para mencionar um novo relacionamento e sair de cena, desperdiça o potencial da personagem. Sua presença teria sido bem-vinda nas missões onde MJ atua, oferecendo um equilíbrio e uma alternativa mais coerente para as cenas de ação. No entanto, os desenvolvedores optaram por excluir Black Cat logo no início, uma escolha que frustrou muitos jogadores.
Gameplay: O Ponto Alto do Jogo
Tecnicamente, o jogo entrega uma experiência de gameplay muito bem refinada. O fast travel inovador permite deslocamentos rápidos pelo mapa em menos de dois segundos, e o web swing — um dos elementos mais amados do personagem — tornou-se ainda mais fluido e dinâmico. A mecânica de combate evoluiu, com a adição do parry e novos gadgets. Os poderes de Venom e Anti-Venom proporcionam ao jogador um combate diversificado, oferecendo tanto a Peter quanto a Miles novas habilidades. Controlar Venom por um breve período também é empolgante, transmitindo a sensação de poder bruto ao enfrentar hordas de inimigos.
Sem DLCs: Um Jogo com Pontas Soltas
A Insomniac anunciou que não haverá DLCs para Spider-Man 2, o que gerou insatisfação na comunidade de fãs. Pontas soltas na história, como a trama envolvendo Carnificina, deixaram uma sensação de incompletude. Muitos ainda esperam por um possível Stand Alone, mas, por ora, o futuro da franquia segue incerto.
O Futuro da Franquia: Desafios à Vista
Já foi confirmado que a Insomniac está trabalhando em um terceiro jogo, que promete encerrar a saga de Peter Parker. Com a introdução do Duende Verde como vilão principal e a chegada da heroína Silk, a franquia enfrenta o desafio de lidar com múltiplos personagens sem comprometer o desenvolvimento de cada um, algo que Spider-Man 2 não conseguiu.
Conclusão: Expectativa e Realidade
Spider-Man 2 chegou como uma das grandes promessas para o PS5, trazendo o peso de uma sequência aguardada e a história de um dos maiores vilões do universo do Aranha. Porém, as expectativas elevadas culminaram em decepção para muitos fãs. Embora o jogo não seja ruim, ele falha em narrar a história com a profundidade necessária, sacrificando o protagonismo e o desenvolvimento de personagens. Por outro lado, o web swing, o combate e a evolução na gameplay são impressionantes, salvando a experiência final e mostrando que, mesmo com falhas, o potencial de Marvel’s Spider-Man permanece intacto.
Meu nome é André Gomes, sou jornalista e apaixonado por jogos. Estou no mundo dos videogames desde que me entendo por gente e amo falar sobre.
Adoro falar e escrever sobre games, já tive outros sites e canais falando sobre e tudo isso me trouxe até aqui.
Minhas franquias favoritas são Final Fantasy 7 e God of War, mas amo outros vários títulos que chega a ser impossível escrever todos aqui.